A Acadêmia Sueca anunciou nesta segunda-feira, dia 5 de outubro, os ganhadores do Prêmio Nobel 2020 em Medicina. Harvey J. Alter, Michael Houghton e Charles M. Rice foram os escolhidos pela Fundação Nobel pela descoberta do vírus da hepatite C em 1989.
Os vencedores dividirão um prêmio no valor de R$ 6,3 milhões pela descoberta. O secretário do comitê do Nobel, Thomas Perlmann declarou que “o prêmio por essa importante descoberta científica só foi concedido agora, pois leva tempo antes que fique claro o quão importante uma descoberta realmente é”.
O americano Harvey J. Alter, 85 anos, realizou estudos sobre hepatite associada a transfusões de sangue. Eles demonstraram que um vírus então desconhecido era uma causa comum de hepatite crônica. Ele é pesquisador do National Institutes of Health (NIH), nos EUA.
Michael Houghton, virologista britânico, usou uma estratégia não testada para isolar o genoma do novo vírus, que passou a ser conhecido como o vírus da hepatite C. Ele é diretor do Instituto de Virologia Aplicada da Universidade de Alberta, no Canadá.
Charles M. Rice, virologista americano de 68 anos, forneceu a evidência final mostrando que o vírus da hepatite C podia, sozinho, causar a doença. Ele é professor de virologia na Universidade Rockefeller, nos EUA.
Considerada um problema mundial de saúde, a Hepatite C causa uma inflamação do fígado que pode se tornar crônica e causar câncer, levando à morte. A Hepatite C, transmitida pelo contato com sangue infectado, é a maior causa de indicação para transplante de fígado no Brasil.
Estima-se que mais de 650 mil pessoas tenham infecção ativa pelo vírus da hepatite C no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, apenas entre os anos de 1999 e 2018 foram notificados 359.673 casos de Hepatite C em território nacional.
Por ser uma doença assintomática, a maior parte das pessoas infectadas pelo vírus não sabe que tem a doença e só descobre por meio da realização do teste sorológico. O diagnóstico precoce é fundamental para que a pessoa infectada consiga se curar antes que o fígado esteja gravemente comprometido pela cirrose hepática.
Como o vírus só foi descoberto em 1989 e só então esse teste começou a ser feito em transfusões de sangue, a maior parte dos casos de hepatite C está entre pessoas com mais de 40 anos em nosso território.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, as pessoas que pessoas que passaram por hemodiálise, cumprem pena de reclusão, usam droga ou vivem com o vírus HIV estão entre as mais vulneráveis ao contágio pelo vírus da hepatite C. O tratamento é feito com antivirais de ação direta, com elevadas taxas de cura, que chegam a 95%. O tratamento leva entre 8 e 12 semanas e é fornecido gratuitamente pelo SUS. Os pacientes na fase inicial podem ser tratados nas unidades básicas de saúde, sem a necessidade de consulta na rede especializada para dar início ao tratamento.