O paciente com hepatite C deve procurar manter uma dieta alimentar equilibrada pois este fato ajuda no bloqueio do progresso da doença, favorecendo as atividades do fígado; o excesso de peso atrapalha no tratamento devido a possibilidade de acúmulo de depósitos de gordura no fígado (esteatose) que podem vir a inflamar (esteatohepatite), portanto é interessante que os pacientes com VHC mantenham seu peso na média.
A dieta deve ser individual para cada caso, tentando sempre manter seu estilo de vida. Consiste basicamente em uma alimentação balanceada, livre de álcool e de cigarro, baixa em gorduras e com carboidratos suficientes para prover as calorias necessárias ao organismo.
Uma dieta alimentar com mais carboidratos pode ajudar, pois oferece as calorias necessárias e ao mesmo tempo, mantém o peso. A hepatite C pode fazer com que as pessoas não tenham apetite, portanto muitas vezes é conveniente fazer várias pequenas refeições por dia.
A ingestão de uma quantidade de proteína adequada é importante para manter a massa muscular e auxiliar o sistema de recuperação.
A ingestão de proteína deve estar de acordo com o peso da pessoa e com a sua condição médica; em geral, se recomenda a ingestão de 1,0 a 1,5 gramas de proteína por quilo da pessoa por dia, para que a regeneração das células do fígado ocorra nos pacientes que não tem cirrose.
Um número pequeno, mas significativo, de pacientes com cirrose podem vir a contrair uma doença chamada encefalopatia. As pessoas com esta doença apresentam sinais de desorientação e confusão. As causas da encefalopatia não são totalmente conhecidas. Enquanto alguns médicos não acreditam que exista uma ligação entre a dieta alimentar diária e a encefalopatia, outros acreditam que uma redução drástica da proteína animal e a adoção de uma dieta vegetariana pode ajudar na melhora do estado mental.
Pacientes com cirrose requerem uma dieta balanceada rica em proteínas, provendo de 2.000 a 3.000 calorias por dia para permitir uma regeneração das células . No entanto, o excesso de proteína resultará em um aumento de amônia no sangue; por outro lado, pouca proteína pode reduzir a regeneração do fígado. Os médicos têm que prescrever a quantia correta de proteína cuidadosamente para uma pessoa com cirrose; o médico também pode usar medicamentos para controlar os níveis de amônia no sangue.
Os pacientes com VHC, algumas vezes, tem uma aumento na concentração de ferro e o excesso desta substância pode ser muito perigoso para o fígado; alguns estudos mostram que índices muito altos de ferro reduzem a capacidade de resposta dos pacientes de VHC ao Interferon.
Portanto os pacientes com o vírus da hepatite C que tem índices de ferro muito altos ou estão com cirrose devem evitar a ingestão de ferro. As comidas ricas em ferro devem ser retiradas da dieta alimentar; devem ser evitadas carnes vermelhas, cozinhar com panelas de ferro, comer cereais ricos em ferro.
O uso excessivo de sal também prejudica, pois pode gerar retenção de líquido no organismo; isto é particularmente prejudicial às pessoas com cirrose avançada, levando a um acúmulo de fluido no abdômen (ascites). Pessoas com cirrose sofrem freqüentemente uma formação incômoda de fluido no abdômen (ascites) ou uma inchação dos pés, pernas, ou costas (edema).
Ambas as condições são um resultado de hipertensão portal (aumento da pressão nas veias que entram no fígado). O sal encoraja o corpo para reter água, portanto os pacientes com retenção fluida devem evitar o sal.
O uso de bebidas alcoólicas deve ser evitado de toda maneira pois é mais uma toxina a comprometer o fígado. O álcool é uma toxina muito forte para o fígado, e a sua ingestão em excesso pode levar a uma cirrose e conseqüentemente, às suas complicações, inclusive ao câncer hepático. Não somente as pessoas que bebem muito correm o risco de contrair uma cirrose, como também as pessoas que bebem socialmente correm o mesmo risco. As pessoas com Hepatite C são muito mais susceptíveis ao álcool e podem ter seus fígados completamente destruídos por uma cirrose, além de ter o seu tempo de vida diminuído. A combinação do vírus VHC com o álcool acelera o desenvolvimento das doenças do fígado.
Da mesma forma que as comidas e bebidas, os remédios também passam pelo fígado para serem metabolizados. Pessoas com hepatite C crônica devem ter muito cuidado ao tomar remédios, mesmo aqueles permitidos e vendidos sem receita médica. As bulas devem ser lidas cuidadosamente antes de se tomar qualquer medicamento e o médico deve ser consultado para opinar se o mesmo pode ou não ser ingerido.
Seguindo à risca as recomendações médicas e mantendo a todo o custo uma boa dieta alimentar, estaremos protegendo o nosso fígado e dando ao mesmo uma capacidade de melhor resistir ao ataque do vírus; é importante a conscientização do portador nesse esforço, pois a recompensa pode ser uma vida mais saudável, mesmo convivendo com o inimigo.
Certamente será preciso muito esforço, mas sabemos que muitos pacientes com hepatite C continuam vivendo sua vida com saúde. Você também pode!
Fontes Bibliográficas:
Hepatites medicamentosas – Letícia Cancella Nabuco
Hepatites alcoólicas – João Luiz Pereira, Eduardo Joaquim Castro e Silvando Barbalho Rodrigues
Carlos Varaldo – Convivendo com a Hepatite C
Adávio de Oliveira e Silva/Laboratório Pizarro – Tratamento da Hepatite C e de suas formas evolutivas
Sociedade Brasileira de Hepatologia/Ucifarma – Hepatite C
ROCHE – Brasil – O que você precisa saber sobre hepatites
Recomendações da American Medical Association