Sintomas

Esta é uma doença assintomática, isto é,  geralmente, a maioria dos doentes não apresentam sintomas; apenas uns poucos desenvolvem icterícia. A hepatite C freqüentemente começa como uma gripe suave após um período de incubação de 1 a 3 meses; contudo a maioria das pessoas (até 75%) nada sente ou, sente no máximo, sintomas muito leves. Estes sintomas iniciais são, em geral, menos graves que os da hepatite B. 

A longo prazo porém, a hepatite C ocasiona  conseqüências mais graves, até décadas depois da infecção inicial. Na fase aguda (primeiros meses), as pessoas sofrem elevações das transaminases, que são enzimas hepáticas  detectadas no sangue. Níveis elevados de duas enzimas hepáticas que recebem o nome de transaminase glutâmica oxalacética e transaminase glutâmica pirúvica indicam que o fígado está inflamado.

Em alguns casos, poucas semanas depois, a medida que estes sintomas iniciais começam a desaparecer, algumas pessoas podem ter icterícia na pele e nos olhos, a qual indica que o fígado não está processando corretamente a bilirrubina. A bilirrubina é um pigmento esverdeado usado pelo fígado para produzir a bile (uma substância que auxilia o intestino a digerir gorduras). Se o fígado não funciona normalmente, a bilirrubina que deveria ir com a bile para o intestino, acumula-se na corrente sangüínea e ocasiona a icterícia. Parte do excesso de bilirrubina é eliminada pela urina, a qual pode ter a coloração marrom escura, e ao mesmo tempo como o pigmento não passa pelos intestinos as fezes podem ser excepcionalmente claras ou cor de lama. 

Apesar de ser um sintoma associado com a hepatite, a icterícia geralmente não aparece nos infetados com a hepatite C. A infecção crônica pode ser associada a sintomas como fadiga, náuseas, dores articulares, ou musculares, pernas pesadas e cansadas, principalmente na parte da tarde, e a sensação de desconforto na parte superior direita do estômago. Geralmente, os doentes somente desenvolvem alguns destes sintomas quando ocorrem complicações hepáticas crônicas.Para a maioria dos pacientes, a doença faz parecer que a pessoa ficou gripada e esta gripe parece não curar completamente. Para muitos outros pacientes, o cansaço aparece gradualmente por um longo período de tempo; as crianças e adolescentes não têm freqüentemente nenhum sintoma.

Muitos outros sintomas também podem estar presentes, porém eles serão tipicamente diferentes entre os pacientes. Estes incluem: fadiga, febre de baixo-grau, dores de cabeça; leve dor na garganta, perda de apetite, náusea, vômitos, sensibilidade a luz, e juntas duras ou doloridas.

Muitas pessoas desenvolvem uma dor no lado direito superior do estômago; a urina pode se tornar marrom escura, e as fezes podem ficar pálidas (mas isto nem sempre acontece). Em infecções agudas severas, algumas pessoas podem desenvolver icterícia na qual a pele e brancos dos olhos ficam amarelados.

O grau de severidade pode variar amplamente entre pacientes, e também variará com o passar do tempo para o mesmo paciente. A severidade pode variar entre um cansaço repentino e stress elevado chegando a ficar acamado e completamente incapacitado. Os sintomas têm uma tendência para diminuir com o passar do tempo.

Um dos sintomas mais relatados pelos portadores de hepatite C é a fadiga; em geral a fadiga acontece muitos anos após a contaminação, já quando começam a aparecer os primeiros danos ao fígado.

Esta fadiga, que muitos indivíduos sentem sem saber que estão com hepatite C, faz com que estes perambulem de médico em médico;  estes muitas vezes, sem suspeitar de problemas hepáticos, indicam complexos vitamínicos, falam em stress, idade, muito trabalho e no final como o paciente começa a se deprimir, o encaminham a um psicólogo. Tudo isto seria evitado com um simples exame Anti-HCV.

A fadiga pode ser permanente ou somente numa parte do dia, geralmente repetindo-se no mesmo horário, e pode vir acompanhada de um aumento da temperatura corporal ou de uma sudorese excessiva.

É necessário que o portador que sentir fadiga reprograme a sua rotina diária em função dos momentos de fadiga, fazendo as tarefas que demandam maior esforço físico logo cedo e deixando tarefas leves para os momento em que a fadiga ataca.

A fadiga não é somente originada pelo problema hepático, podendo existir doenças na Tiróide ou Anemia, as quais agravam os sintomas; o médico deve pesquisar na procura da origem.É necessário que o médico avalie se existem deficiências alimentícias ou o uso de medicamentos, eliminando os desnecessários.

Se após corrigir tudo o acima descrito a fadiga continua, algumas medidas simples podem ajudar:

– Faça uma dieta balanceada,
– Não fume,
– Mantenha o seu peso ideal, compatível com a altura e eliminando os quilos a mais, 
– Ajuste a sua rotina diária,
– Programe um descanso após o almoço de no mínimo 30 minutos. Um cochilo, um momento de meditação ou de preferência uma sesta,
– Não tome qualquer energético sem consultar o seu médico.

A maior parte das pessoas com dano hepático possuem os sintomas da Neuropátia, isto é, sentem as pernas pesadas, principalmente na parte da tarde.

Embora o próprio fígado não contenha nervos, e não sinta dor, muitas pessoas com VHC experimentam uma dor no lado direito superior do corpo, em baixo das costelas.

Esta dor também pode se refletir ao ombro direito ou para a parte das costas.

Muitos pacientes de hepatite C acham que  não estão interessados em sexo; isto tende a ser especialmente verdade quando estão submetidos ao tratamento de Interferon; isto não está diretamente relacionado a hepatite, mas a causa  provável talvez seja a tensão, desconforto e esgotamento causados pelo remédio na luta com uma doença crônica.

Alguns portadores costumam apresentar as palmas das mãos vermelhas; palmas vermelhas podem acontecer em qualquer doença crônica e especificamente não são causadas pelo vírus. A causa para a vermelhidão é desconhecida, mas especula-se que pode envolver o metabolismo dos hormônios ou mudanças na micro circulação sangüínea.

Algumas pessoas reclamam de estar esquecendo as coisas. Não é igual a encefalopatia, e parece acontecer em todas as fases da doença. Algumas pessoas acham que tomando a CoEnzyme Q10, também conhecido como CoQ10, ou Gingko Biloba resolvem parcialmente o problema. Não se deve tomar nada sem consultar o médico especialista em hepatite; ele sabe o comprometimento do fígado do paciente e pode indicar o que pode ou não ser ingerido.

A formação de bilirrubina em excesso pode causar coceira na pele; isto pode se tratado com anti-histamínicos, desde que o médico seja consultado antes.

Uma outra coisa que é muito comum é o fato de alguns pacientes de hepatite reclamarem de ter problemas de visão, e olhos secos; isto pode ser especialmente verdade quando estão sendo tratados com Interferon.

A hepatite crônica C causa problemas ocasionalmente para outras partes do corpo além do fígado. Os órgãos freqüentemente afetados incluem os vasos sangüíneos, pele, juntas, rins, e glândula tiróide; se a hepatite crônica C causar cirrose, muitos problemas poderão surgir .

Problemas potenciais de cirrose incluem acumulação fluida no abdômen, sangramento no estômago, icterícia, confusão mental, sangue se coagulando lentamente, e suscetibilidade a infecções.

A hepatite C, têm tantos sintomas que não é fácil designar todas as anomalias novas a esta doença. Mas os pacientes de VHC não estão isentos de também adquirir outras doenças, portanto é importante monitorar a saúde regularmente e consultar o médico.

A hepatite C crônica também é associada com muitas doenças auto-imunes (onde o corpo desenvolve anticorpos que atacam partes de si mesmo). Por exemplo, um décimo das pessoas com hepatite crônica C (mais freqüentemente nas mulheres e pessoas mais velhas) tem anticorpos na glândula tiróide, e a metade pode desenvolver hipotiroidismo. Adicionalmente, a terapia com Interferon causa hipotiroidismo ou hipertiroidismo em 10% destes pacientes ao serem tratados.

Pessoas com hipotiroidismo podem sofrer de fadiga, memória pobre, fraqueza, constipação, ganho de peso, cãibras, intolerância para resfriado, voz rouca, pele grossa, e cabelo frágil. Pessoas com hipertiroidismo podem sofrer de ansiedade, insônia, fraqueza, diarréia, perda de peso, intolerância para o frio, pele aveludada, e unhas frágeis. O hipotiroidismo pode ser tratado com pílulas de hormônio para tiróides.

O hipertiroidismo pode ser tratado com pílulas que bloqueiam a síntese do hormônio tiróide. Se a deficiência orgânica da glândula tiróide é derivada do tratamento com Interferon e é detectada logo, a glândula tiróide voltará ao normal quando finalizar o tratamento com Interferon.

A hepatite C pode apresentar manifestações reumáticas indistinguíveis das artrites reumáticas. Os achados clínicos predominantes e fatores de risco como transfusões e usuários abusivos de droga ou uma história de hepatite ou icterícia deveriam ser incluídas na história de doentes com artrites. Em tais pacientes, as transaminases e outros testes apropriados para transtornos hepáticos deveriam ser feitos.

Fibromalgia é o nome para uma condição que tipicamente inclui dor nos músculos de forma difusa, fadiga e padrões de sono anormais. Até alguns anos atrás, os médicos a chamavam de reumatismo muscular e acreditavam que na maior parte dos pacientes era ” tudo na cabeça “. Hoje, é reconhecido através de organizações médicas como um problema genuíno e sério.

Os sintomas incluem dor em muitos músculos, e ao redor de ligamentos e tendões, fadiga persistente, acordando e  sentindo cansaço até mesmo depois do sono de uma noite bem dormida, dores de cabeça, constipação e diarréia, dor abdominal, períodos menstruais dolorosos, sensibilidade para resfriados, entorpecimento ou formigamento, e dificuldade para praticar exercícios.

Os sintomas variam amplamente entre pacientes e tendem a diminuir com o passar do tempo. Uma doença, stress, tempo frio ou tensão emocional podem ativar as dores ou podem fazer uma piora nos sintomas existentes.

As Hepatites Aguda ou Crônica causadas pelo vírus da hepatite C, poderão ser complicadas pelo envolvimento de outros órgãos, ocorrendo então, as chamadas manifestações extra-hepáticas, destacando-se a crioglobuilinemia mista, glomerulonefrite, tireoidites, anemia aplástica e líquen plano. 

É muito elevada a incidência de hepatite C entre os doentes renais, principalmente os que devem se submeter a seções de hemodiálises.  Dependendo da região, o percentual de contaminados oscila entre 24 e 35%; este alto índice deve-se a exposição a possível contagio durante a hemodiálise.

Infelizmente o maior fator de contaminação não é o equipamento.   Estudos demonstram que a maioria das contaminações se dá por falta de cuidados dos operadores, que em muitas clinicas não respeitam as normas recomendadas de manipulação dos equipamentos, e em alguns casos, nem as luvas são trocadas entre um e outro paciente, ou nem sequer lavam as mãos.

A hepatite C nos doentes renais apresenta características próprias, entre elas, as transaminases podem apresentar valores baixos, e a carga viral oscila muito entre um e outro teste, podendo dar até resultados negativos em determinados momentos.  Um resultado negativo pode não indicar ausência do vírus.  Torna-se necessário realizar vários testes de carga viral nos doentes renais, para ter certeza que realmente o vírus foi negativado.

Os portadores de hepatite C com doença renal crônica tem indicação de tratamento quando existe replicação viral e comprovação de dano hepático, independente do valor encontrado nas transaminases, já, que em muitos pacientes com problemas renais, uma das características é encontrar transaminases normais.

Os pacientes renais crônicos em tratamento, que não são submetidos a hemodiálises, não recebem o tratamento com o interferon, pois podem apresentar toxicidade renal, acelerando o quadro crônico, e com isso aumentando a necessidade de hemodiálises.

Os pacientes renais em diálises, o uso da Ribavirina é contra-indicado, sendo tratados exclusivamente com o Interferon. A resposta ao interferon nos pacientes renais crônico é similar aos pacientes tratados com a monoterapia de Interferon, assim, o novo interferon peguilado passa a ser uma excelente opção de aumentar a resposta nestes portadores.

LEMBRE-SE:  AOS PRIMEIROS SINTOMAS, CONSULTE O MÉDICO ESPECIALISTA EM HEPATITE C. ESTE PROCEDIMENTO IRÁ FAZER A DIFERENÇA.

Fontes Bibliográficas: 

Evaldo Stanislau A. de Araújo – Correlação Clínico Patológica da Quantificação do RNA do VHC
Carlos Varaldo – Convivendo com a Hepatite C
Adávio de Oliveira e Silva/Laboratório Pizarro – Tratamento da Hepatite C e de suas formas evolutivas
Sociedade Brasileira de Hepatologia/Ucifarma – Hepatite C
ROCHE – Brasil – O que você precisa saber sobre hepatites