Transmissão

A transmissão da hepatite C é realizada através de sangue, seja por transfusões, contato direto ou compartilhamento de seringas.  A transmissão sexual pode existir.  No momento do ato sexual, se existir contato com sangue devido a pequenos ferimentos em ambos os parceiros, o contágio é altamente provável. Deve ser usada sempre a camisinha como prevenção; o sexo anal deve ser evitado, pois é comum ocorrerem pequenas feridas durante o ato.

Recente estudo de casais heterossexuais nos quais um dos parceiros estava infetado pela hepatite C, resultou numa incidência de transmissão de somente 1% ao ano; pesquisas com casais, nos quais ambos os parceiros estão infectados estão sendo realizadas pioneiramente no Brasil. O vírus também pode ser transmitido da mãe ao filho ao que parece, se no momento do parto existir contato da sangue da mãe com o sangue do filho (somente 5% das crianças filhas de portadoras nascem com o vírus). Existem casos isolados de transmissão dentro do próprio lar; é aconselhável lavar imediatamente com água corrente derramamentos de sangue e se possível desinfetar o local, bem como manter navalhas e escovas de dente separadas de seus familiares.

Instrumentos como escovas de dentes, alicates de unhas ou cutículas e aparelhos de barbear não devem ser compartilhados pois podem contaminar. Instrumentos dentários devem ser esterilizados e desinfetados. Se você precisar receber sangue, exija o teste da hepatite C. A maioria das pessoas com hepatite C contraiu-a por uma transfusão de sangue ou recebendo um produto de sangue,  ou compartilhando agulhas com usuários de drogas intravenosas que estavam infectados com hepatite C.

Antes de 1990 não podia ser testado o sangue para VHC. Graças ao teste ANTI-HCV que testa com modernos métodos sensíveis, o risco de adquirir hepatite C através de transfusão de sangue é agora menor que 1%.

Outras pessoas que podem adquirir hepatite C incluem trabalhadores de laboratórios que podem ser contaminados com uma agulha infectada, as pessoas que tiveram tratamentos médicos e odontológicos sem os devidos cuidados, as pessoas que fizeram hemodiálises, quem teve o corpo perfurado por piercings ou acupuntura, quem compartilha navalhas, escovas de dente, cortadores de unha ou ainda as pessoas que tiveram tatuagens ou que trataram mãos e pés com manicuras com equipamento não esterilizado.

As mães infectadas podem passar o vírus ao feto no útero mas isto acontece em menos de 5% dos casos; pode acontecer mais freqüentemente se a mãe também for infetada com o vírus da AIDS.

Quarenta por cento de todos os casos de hepatite C foram contraídos através de meios desconhecidos, por pessoas que não estão inclusas em nenhuma categoria de risco atual; isto significa que todos possuem o risco de contrair hepatite C.

Se você não possui anticorpos das hepatites A e B (isto é, se você nunca teve nenhuma das duas), é necessário vacinar-se o quanto antes; para estes dois tipos de hepatite já existe vacina. O fato de você já estar com hepatite C aumenta os perigos ao se contrair uma outra hepatite. Pacientes com hepatite C que também contraem hepatite A correm um sério risco de ter hepatite fulminante – uma forma de evolução muito rápida e mortal da doença. Não existe vacina contra a hepatite C; a melhor vacina é a prevenção e os cuidados gerais.

Muitas pessoas contaminadas há muito tempo podem não sentir sintomas de nenhum tipo; caso você suspeite de ter tido alguma possibilidade de contágio, consulte o seu médico e faça um exame de sangue chamado de ANTI-HCV. Ele indica, caso positivo, a exposição ao vírus, mas não diz se a infecção está presente ou se já foi curada. O sintoma mais comum na maioria dos infectados é a fadiga, mas isto não é regra.

Até o atual momento podemos dizer que o contágio da hepatite C não é tão fácil de acontecer, pois ele não se dá por:- Alimentação materna (Amamentação),

– Abraços,
– Beijos,
– Espirros,
– Tosse,
– Compartilhar copos, garfos, facas, pratos, etc.,
– Comida ou água,
– Contato casual.

Se você é portador de hepatite C, adote os seguintes cuidados:

– Não doe órgãos, sangue, esperma ou tecidos (Escreva isto nos seus documentos),
– Não compartilhe seus artigos de uso pessoal,
– Cubra imediatamente qualquer ferida que possa ter,
– Use camisinha no ato sexual

Vários estudos tem demonstrado que  muitas mulheres positivas deram a luz crianças que eram negativas de VHC. A probabilidade de transmissão pelo leite do peito também é muito pequena para as portadoras de hepatite C; os médicos não desaconselham de amamentar. (clique AQUI para verificar um estudo de caso).

A transmissão durante o parto entre mulheres infetadas com a hepatite C foi estimada em 5% dos nascimentos, mas pode ser chegar a  25% se a mãe também for positiva de HIV. Estudo feito no Japão, (onde um genótipo de VHC muito mais severo é prevalecente) mostrou que só 6% dos bebês nascidos tinham o VHC; muitos mostraram anticorpos no nascimento, mas estavam livres do vírus antes dos 18 meses. 

A transmissão da mãe para o bebê pode ser aumentada se a mãe tiver altos índices de vírus no sangue; nesta circunstância, calcularam os investigadores japoneses, o risco de transmissão pode ser aproximadamente 10%.

Recentes avanços tecnológicos conduziram principalmente ao desenvolvimento de vários tipos de procedimentos no feto para a diagnose e administração de desordens fetais. Isto gera um risco pequeno mas possível de transmissão de infecções virais maternas, provavelmente com os vírus HIV, hepatites B e C, cytomegalovírus e herpes durante procedimentos invasivos no feto.

O risco de transmissão sexual de hepatite C não foi investigado completamente mas parece ser mínimo; alguns estudos não mostraram nenhum risco de passar a hepatite C para um parceiro sexual, outros mostraram só um risco baixo. Os Centros Americanos para Doença, Controle e Prevenção (CDC) não recomenda uma mudança nas práticas sexuais para os portadores, se estes mantém uma relação de longo prazo com seu parceiro sexual.

No entanto,  pessoas com doença aguda e parceiros sexuais múltiplos podem ter um maior risco e devem usar preservativos para reduzir o risco de transmitir hepatite C, assim como também outras infecções sexualmente transmissíveis. O risco aumenta se o nível de VHC no sangue for elevado (contagem feita pelo PCR).

Sexo durante o período menstrual deve ser evitado, devido ao sangue presente naquele momento. Também existe alguma especulação sobre a possibilidade de transmissão do vírus por lesões genitais nos contaminados por herpes.

A razão que muitos estudos falarem em que pessoas com múltiplos parceiros sexuais correm um risco maior de transmissão sexual da hepatite C, é porque estas pessoas têm um maior risco de contrair outras doenças sexualmente transmitidas que podem causar feridas abertas e lesões; e com essas feridas abertas e lesões a pessoa está exposta a maior risco para o contato com o sangue.

A transmissão sexual da hepatite C acontece a uma taxa de cerca de 1% por ano em parceiros sem comportamento de risco, de acordo com um relatório Americano.

Foi publicado em abril de 2004 no jornal  News-Medical   um interessante estudo realizado pela Universidade de Milão, Itália, no Hospital Giacomo de Roma e na Poliniclinica de Modena. Neste estudo, investigadores italianos avaliaram o risco de transmissão sexual da hepatite C (HCV) infecção entre 895 casais heterossexuais monógamos onde um dos parceiros se encontrava infectado. 86,7% dos casais foram acompanhados durante 10 anos para se determinar as chances de transmissão sexual aos parceiros.

Durante a duração do estudo foram observadas três contaminações, porém, em um dos casos o genótipo era diferente, o que elimina a suspeita de contaminação sexual.  A parceira tinha o genótipo 2 a e o seu companheiro foi infectado pelo genótipo 1b.

Nos outros dois casos de provável transmissão sexual foi pesquisada a estrutura do vírus, se observando que a região NS5b do mesmo mostravam se tratar de subespécies diferentes, novamente excluindo a possibilidade da transmissão ter sido sexual, pelo parceiro.

Estes resultados mostram que a possibilidade de transmissão sexual, em parceiros estáveis e monogâmicos é extremamente baixa, praticamente nula.

Trabalhadores das áreas medicas e odontológica podem se contaminar, pois o contágio é possível em qualquer ocupação na qual há exposição a sangue possivelmente infectado. O risco de infecção de VHC que se segue a um acidente cortante ou perfurante com material contaminado pelo vírus VHC pode chegar a 10%; no entanto, o risco de transmissão profissional de VHC para trabalhadores nestas áreas e muito menor do que isso.

A pessoa que teve hepatite C e negativou o vírus,  pode ser infectada novamente com a mesma. Isto se deve ao fato de que há muitos genótipos diferentes de hepatite C, e também porque o vírus transforma-se muito rapidamente (sofre mutações). Não há imunidade natural desenvolvida para a hepatite C.

LEMBRE-SE: A PREVENÇÃO É A MELHOR MANEIRA DE SE EVITAR A TRANSMISSÃO.

Fontes Bibliográficas: 

Evaldo Stanislau A. de Araújo – Correlação Clínico Patológica da Quantificação do RNA do VHC
Carlos Varaldo – Convivendo com a Hepatite C
Adávio de Oliveira e Silva/Laboratório Pizarro – Tratamento da Hepatite C e de suas formas evolutivas
Sociedade Brasileira de Hepatologia/Ucifarma – Hepatite C
ROCHE – Brasil – O que você precisa saber sobre hepatites